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Existem interpretes e letristas, e à ainda aqueles que concentram com
desenvoltura essas duas funções, muitos cantores ao longo da história
iniciaram suas carreiras em grupos, que em determinado momento, se
dissolveram devido as mais variadas sortes, ou então simplesmente,
vocalista e banda, seguiram caminhos distintos. Em se tratando de
cantores, o mais recorrente é que esses indivíduos possuam uma forte presença de palco, e voz melodiosa e marcante. Dentro e fora do
Rock, inúmeros são os exemplos em que vocalistas não tenham uma
equivalência entre as habilidades de escrever, cantar e interpretar suas canções, e
não a nada de errado com isso, muitas das vezes um ótimo cantor não
necessariamente é um bom compositor, mas o “conjunto da obra” faz com que
o trabalho artístico se torne memorável e de qualidade impar.
É comum entendermos por arte, manifestações e representações, que são
agradáveis aos nossos sentidos, e também o entendimento de que aquilo que
não se enquadra nessa categoria, não pode ser considerado como tal. Nosso conceito do que é arte é
uma construção social, ou seja, desde pequenos somos introduzidos ao modelo
dominante, ou seja, de maior influência e objetividade. A discussão sobre o
que é o belo, é um tema antigo dentro da Filosofia, também houveram sociólogos que se debruçaram sobre o
assunto como, por exemplo, Georg Simmel e seus escritos sobre “Filosofia da
moda” ou então Pierre Bourdieu em seus trabalhos sobre a “Teoria do gosto”
ou então sobre “capital cultural”. Feito essa ressalva, podemos constatar
que nosso aniversariante passou por vários estágios, desde o anárquico
cantor de rock, até, o mais fino cantor e compositor do que se conveniou
chamar de MPB, essa transfiguração se deveu em boa parte, ao ambiente e influencia que este
teve na sua formação cultural, ou seja, sociologicamente, ele foi muito bem
abastecido de capital não apenas financeiro, mas também social e cultural,
digo isso sem por um momento sequer, insinuar que seu sucesso foi fruto
unicamente de privilégios, é claro que estes foram facilitadores, mas não
determinantes em sua carreira.
Muitos são os atributos acumulados por Agenor de Miranda de Araújo Neto, e
sua passagem foi barulhenta por esse mundo, fez parte do grupo Barão Vermelho,
e com ele se apresentou na lendária primeira edição do Rock in Rio em 1985,
teve uma bem sucedida carreira solo e foi diagnosticado com HIV, em uma
época em que as pesquisas e tratamentos para tal enfermidade, estavam em seus estágios iniciais. Agora antes
de tudo isso, imagina você começar uma carreira musical em uma época em que seu pai era
um dos maiores empresários do ramo no Brasil?
Os programas de entrevistas, até hoje muito populares, tinham ao seu
dispor em meados de 1980 até a primeira metade dos anos noventa, muitos
artistas e intelectuais realmente influentes. Programas como Jô Soares Onze e meia, na época exibido pelo SBT, e Cara a cara
com Maria Gabriela, na época exibido pela Rede Bandeirantes, trouxeram
entrevistas que chegam a ser documentos históricos, como no caso de Cazuza
entre outras personalidades é claro. Como mencionei anteriormente, não se define um artista levando em consideração
se ele nasceu em “berço de ouro” ou não, muitos são os exemplos de
apadrinhados que não conseguem uma carreira solida, mesmo hoje, onde tudo é mais descartável e copiado descaradamente,
não são muitos os exemplos de longevidade artística, no máximo o que temos
são imposições mercadológicas, e modismos que se sucedem num ciclo vicioso e
frenético de êxtase cognitivo.
ENTREVISTA NO PROGRAMA CARA A CARA
Em tempos de cancelamentos virtuais, onde artistas e celebridades, são
julgados diariamente pelos tribunais da internet, fica mais difícil manter um personagem politicamente correto, durante todo o tempo. Acredito
que em meio a tudo isso, os artistas ainda resistem, numa praça ou em uma “Live” eles estão por ai,
ofuscados é claro pelo neon, ou postos de lado pelo “algorítimo” já
que este não os considera dignos de “Likes” ou de serem garotos propaganda de seus anunciantes. Se antes os Renatos
e os Cazuzas da vida, tinham dificuldade, pelo menos em um primeiro momento,
de se fazerem ouvir, devido a distancia entre as regiões e pela ausência de
uma conectividade virtual, hoje estes mesmos cantores e escritores, estão com dificuldade em alcançar
mais e mais pessoas, devido ao deserto estéril, que muitas vezes toma conta
das Playlists e recomendações que vemos em nossas notificações, sem levar em consideração
o que é mais trágico, que é a constatação de que quase ninguém se
importa.
ENTREVISTA JÔ SOARES
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