O QUE APRENDI COM WALTER WHITE? (OU SOBRE COMO MANTER A POSE)

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Devido aos serviços de Streaming que estão disponibilizados no mercado, cada vez mais ficam distante os tempos em que eramos obrigados a adquirir cópias não autorizadas de filmes e séries para o nosso entretenimento. Claro que ainda recorremos algumas vezes ao bom e velho download via torrent, mas sigamos com nossa estória. Muitas opções são sempre bem-vindas, mas o lado negativo disto, em minha opinião, é o fato de que muita coisa pode passar despercebida, e então devido ao grande fluxo de títulos oferecidos, uma ou outra produção verdadeiramente relevante pode cair no esquecimento. Bem, este foi o caso de uma série que foi exibida originalmente entre os anos de 2008 a 2013, denominada Breaking Bad. Felizmente ela se encontra no catálogo de um serviço de Streaming muito popular nos dias de hoje, e através dele tive acesso às suas cinco temporadas, mas não vou aqui fazer uma critica sobre a série, você pode encontrar diversos sites e canais digitais que já fizeram este serviço com bastante propriedade. Mas qual o objetivo então de mencioná-la? Ora, os conceitos e os temas abordados nesta narrativa são de uma relevância desesperadora, um prato cheio para nós cientistas sociais, se você não conhece a série, faça uma breve pesquisa e depois volte aqui para continuarmos nossa conversa!

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Em tempos que “pessoas de bem” e “defensores da família tradicional” se manifestam aos milhares nas redes sociais e em debates nos mais variados meios de comunicação, além é claro nas conversas informais entre vizinhos e por extensão nossos familiares, a reflexão proposta pela obra em questão me parece tão atual quanto era na data de seu lançamento há onze anos. Bem, é claro que podemos estender o alcance de seus questionamentos retroativamente a qualquer época de nossa história, resumindo, estamos falando do dito popular “faça o que eu digo, não faça o que eu faço”. Ao longo da série, somos apresentados a diversos tipos que poderíamos identificar facilmente em nosso cotidiano, temos o professor pai de família, a mãe dedicada, o agente do departamento de narcóticos, o empresário exemplo de empreendedor e admirado pela comunidade, o profissional liberal bem-sucedido entre muitos outros.

Assim como os personagens da série, todos nós temos nossos esqueletos no armário, eu gosto de pensar que nós temos várias personas, que são ativadas em determinadas situações e contextos diferentes, imagino que nós temos uma vida pública, outra privada e uma terceira mais íntima que ocultamos até mesmo das pessoas próximas a nós, é comum em alguns momentos nos valermos da demagogia e até mesmo da hipocrisia quando necessitamos alcançar um objetivo qualquer. Algumas pessoas podem entender que os fins justificam os meios, ou que o fato de nos comportarmos ou de agirmos de alguma maneira em nome de uma boa causa, de alguma forma ameniza a culpa e o ressentimento por termos ultrapassado algum limite moral ou ético, alguns podem chamar isso de politica, ou simplesmente estratégia profissional, ou até mesmo de sobrevivência, visto que muitas das vezes podemos estar em uma desvantagem social ou econômica.

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Em nosso dia a dia, seguimos rotinas pré estabelecidas, respeitamos horários e reagimos a códigos e sinais, tudo isso de maneira quase que automática, isso pode ser verificado em nosso comportamento no trânsito, seja em carros particulares ou dentro de coletivos ou até mesmo enquanto pedestres. Esse comportamento se inicia antes mesmo de sairmos de casa, e por extensão, e de maneira mais objetiva, em nossos empregos informais ou institucionalizados. Ao final do horário comercial, que geralmente se dá as 18:00, realizamos outro ritual, que é o retorno para nossas casas, para assim encerrarmos mais um dia “produtivo”. Isso meus amigos é apenas a camada mais externa de nossas vidas, por detrás dessa rotina organizada e pragmática, surge uma sub-rotina, que é onde realmente nos apresentamos e colocamos “nossas garras de fora”. Cabe lembrar aqui, sem querer é claro aprofundar, a diferença entre o que é ético ou moral, o senso comum costuma confundir os dois, mas para um rápido entendimento, a ética é um conceito universal, ou seja, é algo que todos acreditam ser “bom”, como, por exemplo, ser um bom marido e provedor das necessidades da sua família, agora, por outro lado, a moral é algo individual, seria algo como a maneira que escolhi me comportar e agir para alcançar o objetivo que a ética do “bom marido” ou do “bom pai” determinou como a correta.

Eu sei, é complicado, mas é justamente esta a discussão que se desenrola durante as cinco temporadas de Breaking Bad, onde pessoas comuns são expostas a situações em que devem interagir, reagir e acima de tudo assimilar e repensar seus conceitos de certo e errado. Já dizia outro ditado popular: “A ocasião faz o ladrão”, e nessa vida, assumimos sim o papel de herói ou de vilão, isso é claro, depende de quem está do outro lado, seja na disputa por um bom cargo profissional, ou em qualquer outra interação social. Nós mentimos, enganamos, e torcemos para que o outro não tenha sucesso, mas é claro que é tudo por uma “boa causa”, ou seja, a nossa causa. E não a nada de errado nisso, agora convença a si mesmo que está tudo bem e guarde sua máscara para amanhã, afinal, será um novo dia!

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