SOMOS O NOSSO REFLEXO, OU ACREDITAMOS SER O DE ALGO? - UM COMENTÁRIO SOBRE O HOMEM DO CASTELO ALTO

 



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A série é baseada em um livro com o mesmo nome publicado em 1962 e escrito por Philip K. Dick, e ela teve sua exibição iniciada no ano de 2015 e até hoje, ano de 2022, continua disponível no catálogo. Como sempre fazemos aqui, não entraremos em detalhes sobre a trama, apenas usarei como introdução a forma como a história e os costumes são repassados as gerações mais jovens ao longo dos episódios. Como se trata de um conto que traz uma versão alternativa de eventos históricos ocorridos durante o século XX, a própria obra faz um exercício do que é praticado nos territórios conquistados pelos vencedores do conflito do qual derivam os acontecimentos retratados na série. A história é contada pelos vencedores, assim os vitoriosos vão formando e naturalizando em suas crianças e jovens, o modo de vida ideal, aquele que é o necessário para a concretização de seu plano de sociedade perfeita, aquela que terá os mais puros e elevados sentimentos morais, e terá a disciplina para mantela e proporcionar a sua manutenção, mesmo que isso signifique excluir e até mesmo extirpar o que for remanescente da cultura dos povos que habitavam anteriormente a região onde determinada comunidade “perfeita” venha se estabelecer.

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Podemos enumerar as estratégias utilizadas pelo bloco vencedor do conflito para alcançar seu objetivo, primeiramente foi proposto aos militares derrotados, a opção de se integrarem ao exercito dominante, ou seja, vestirem o novo uniforme e reconhecerem a autoridade dos novos comandantes, em um segundo momento, o sistema educacional do novo estado, direcionado aos filhos e filhas dos oficiais e profissionais liberais que também aderiram ao novo estilo de vida, é focado, além de manter os conhecimentos básicos, objetivamente influenciados pelo ideal do novo governo, também, e principalmente, se concentram na formação moral e ética de seus alunos, garantindo assim a continuidade e manutenção do novo modelo de sociedade. 

Um terceiro fator é o uso da força bélica e a repressão e extermínio dos revoltosos que lutam por uma volta ao antigo modelo, e por último, o controle por meio da persuasão e do medo, da classe dos trabalhadores e cidadãos que compõem a base da piramide social. Observamos que uma critica e comparação, feita pela obra original, existe entre os dois modos de vida, afinal, deixando um pouco de lado o emotivo, o modo de produção, intimidação e repressão sofrido pelo pais que é retratado como derrotado, segundo um olhar crítico, é o mesmo causado por ele à outros países em um contexto fora da obra aqui analisada, pois os países da América do norte, não se diferem muito dos seus conquistadores, inclusive, ao longo do livro e também da série, é destacada a violência e opressão causadas aos povos nativos das regiões onde hoje se encontram as novas “nações civilizadas”, e durante a trama, a comunidade afrodescendente se posiciona fortemente contra os invasores, e lutam mais uma vez por sua liberdade.

Partindo agora para a conclusão de nossa abordagem, essa obra publicada em 1962, nos mostra que a ambivalência entre os meios e procedimentos utilizados pela classe dominante em qualquer situação independente do momento histórico, se assemelham, e acima de tudo, se adaptam a realidade de sua época.

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