O FIM, O MEIO E O INICIO

 

Reprodução

Em qualquer área profissional, na qual os indivíduos sejam levados a atuar, existe uma série de normas e procedimentos a serem apreendidos, e toda uma nova cultura para se adaptar. Mesmo depois que o indivíduo aprenda a parte técnica, existe em qualquer setor ou departamento, um modo de agir que lhe é sui generis. Esse modus operante, pode se manter inabalado por vários anos, até que em determinado momento, uma série de acontecimentos, e também fatores econômicos, façam a empresa, seja ela pequena, média ou grande, mudar sua politica administrativa e operacional por conta de alguma inovação técnica ou conceitual, que se acredite otimizar os processos e potencializar os resultados. É compreensível que haja alguma resistência, pois velhos hábitos são sempre difíceis de se mudar, mas é nesse momento que alguns indivíduos se destacam, independente da idade ou mesmo do tempo em que atuam na empresa. A biografia individual, ou seja, todo arcabouço de habilidades e saberes que cada trajetória proporcionou a cada um, será determinante na adaptação ou não a nova ordem das coisas. Mudanças são de certa maneira inevitáveis, o fim de um ciclo pode ser traumatizante e desesperador para algumas pessoas, mas para outras é a oportunidade de dar um outro rumo aos seus esforços, e em alguns casos redefinir seus objetivos.

Nesse momento você pode estar pensando que já ouviu essa conversa em algum vídeo de algum coaching de internet, mas lembrem-se, muitas das vezes, nos acomodamos em uma rotina que julgamos confortável, e isso não é necessariamente ruim, mas, temos que levar em consideração o que depende e o que não depende de nossa ação direta. É obvio que existem contextos em que um indivíduo esteja refém das escassas oportunidades que lhe são oferecidas, mas mesmo nessas situações, sempre existe algo que possa ser feito para tornar a experiência menos amarga, e quem sabe até melhorá-la. Comecei este texto me referindo a atividade profissional, mas o raciocínio se aplica a vários outros segmentos de nossa vida, pois a maneira como reagimos ao mundo a nossa volta, se reflete na maneira como nos relacionamos com nossa família, amigos e com nós mesmos. Calma, eu não deixarei de fora as relações amorosas, esse campo tão objetivo e determinante, que consegue muita das vezes definir e direcionar nossas decisões, ai meus caros leitores, essa influência pode gerar toda sorte de desfechos e recomeços.

Reprodução

No início desse texto, mencionei que em nossa atividade profissional, aprendemos normas e regras de como proceder e agir, e da mesma forma, nossa vida em sociedade obedece este mesmo padrão, isso segundo Émile Durkheim, se denomina fato social, que segundo ele, seria o objeto de estudo de seu método de análise. O fato social é aquilo que é externo aos indivíduos, ou seja, independe de nossa aceitação ou interação para existir, como por exemplo, as tradições e os costumes de uma determinada comunidade. Um exemplo próximo pode ser o modelo de família nuclear, apesar de sempre ao longo da história, terem existido outras formas de organização, esse modelo transpassou os anos e ainda hoje exerce influência na forma como os agentes se organizam, vou ser mais claro, tradicionalmente o rapaz quando atinge a maioridade (ou muito antes) segue uma cartilha pré estabelecida, o mesmo acontece com as moças, geralmente após o término do ensino médio, o jovem procura se alocar no mercado de trabalho, logo depois as relações afetivas resultam em um matrimônio formal ou informal, mas ambos com as mesmas obrigações e consequências. Em alguns anos (ou meses) aparecem os filhos e consequentemente, o casal está reproduzindo o modelo familiar de seus pais e avós. Novamente quero deixar claro que não há nada de errado nisso, e não é meu intuito opinar sobre a importância e relevância de tal instituição, apenas quero demonstrar como seguimos um planejamento que parece estar inculcado em nosso DNA, e assim vamos reproduzindo nosso modelo de sociedade, almejando cursos que “dão dinheiro” cultivando hábitos “normais” e repetindo o discurso próprio de nossa socialização, muitas vezes tendo a ilusão de estarmos sendo originais e livres de influências externas em nossas ações e opiniões, mas na verdade estamos seguindo apenas nossa “programação”

Reprodução

Esse comportamento causa reações distintas em cada indivíduo, uns se encontram felizes e realizados, mas outros por sua vez, se sentem inconformados e amargurados, e colocam a culpa de suas frustrações em pessoas que não necessariamente colaboraram para tão situação, e nesse momento, por mais frio e pragmático que possa parecer, a dinâmica das relações e seus desdobramentos, são similares aos de uma empresa, e aqui cabe perfeitamente a descrição inicial, onde a capacidade de adaptação e renovação são essenciais para a sobrevivência da instituição, tanto familiar quanto profissional, eu poderia copiar todo o primeiro paragrafo aqui e trocar o termo empresa por família, que o sentido permaneceria o mesmo e perfeitamente adequado aos dois exemplos. Seguimos modelos, isso é fato, mas sejamos subversivos quando necessário, no sentido de sacudir a poeira, tomar novos rumos e até evitar seguir caminhos e metas traçados segundo as experiências e especificidades de outras pessoas, não tratemos a exceção como se fosse regra, o que serve para mim, pode não servir para você, e vice e versa, saiba a hora de ficar e também a de deixar ir embora, não precisamos seguir todos juntos como um rebanho para o abate, seja livre, não se perca entre monstros de sua própria criação, mas não se esqueça de manter a pose e sorrir para as câmeras, seja um bom cidadão e o melhor profissional que você puder ser, pois como já disse Zeca Baleiro: “nada vem de graça, nem o pão e nem a cachaça! Quero ser o caçador, ando cansado de ser caça”


Comentários