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É
sabido que os mitos foram criados para que os povos da antiguidade,
independente de terem uma linguagem escrita ou não, pudessem ter uma
mínima explicação dos fenômenos, e antes disso das causas de tudo
que fez parte de sua cosmologia. De longe, o caso mais conhecido, é
o da mitologia Grega, até pelo fato de sua presença na cultura Pop
e também pelas nossas queridas aulas de História no ensino médio.
Claro que este não é o único caso, em varias culturas temos
representações de criação e destruição de mundos, entidades que
controlam os vários aspectos da natureza, e até mesmo
características físico emocionais dos indivíduos. No decorrer do
processo histórico da humanidade, os mitos perderam o protagonismo
na explicação do mundo, primeiro a Filosofia e depois a ciência,
propuseram o desencantamento do mundo, os mitos passaram a servir
como uma forma de entretenimento e muitas obras literárias passaram a
ter como pano de fundo diversas referencias dos mitos da cultura
ocidental e oriental.
Não
é meu intuito discorrer aqui sobre um assunto tão vasto e complexo,
quem tiver interesse em se aprofundar no assunto, aconselho a leitura
do livro: O herói de mil faces (1949), que é uma obra seminal de mitologia comparada de Joseph Campbell, no livro ele discute a teoria da jornada do herói arquetípico, encontrada em inúmeras mitologias e culturas ao redor do mundo, desde a publicação do livro a teoria de Campbell tem sido explorada por inúmeros autores e artistas, um exemplo conhecido é George Lucas, cuja a obra claramente influenciou a saga Star Wars!
É
aqui o ponto onde queria chegar, se antes as obras literárias se
propuseram a trazer o fantástico para o grande publico, já faz
alguns anos em que não apenas o cinema, mas as series tanto de TV
quanto dos serviços de streaming, além dos Games cada dia mais
realistas, se ocupam desse “gênero”, é muito interessante como o
senso comum entende que tal produto seja direcionado apenas para o
publico infantil, aqui em casa por exemplo, quando volto de algum
evento do tipo, minha mãe pergunta se lá tinha algum adulto, eu
digo toda vez que a pergunta correta seria se lá havia alguma
criança.
Essa
é uma questão interessante, independente do tema ou das questões
abordadas, o simples fato da mídia utilizada ser a revista em
quadrinhos, ou o desenho animado, imediatamente o senso comum
caracteriza a obra em questão como sendo de cunho infantil, em minha
opinião, isso ocorre pelo fato de os quadrinhos da Disney, ou então
dando um exemplo nacional, os quadrinhos da Turma da Mônica, terem
sido muito populares durante os anos oitenta, sem contar o clássicos
animados de ambas as empresas, mas se pararmos pra fazer uma breve
analise desse material, podemos perceber uma série de abordagens não
muito infantis em ambos os casos, mas calma, não estou me referindo à
teorias da conspiração e a mensagens subliminares, já tem muita
gente criando material sobre isso.
Ainda
citando os casos mais emblemáticos, temos as gigantes Marvel Comics
e DC Comics, que claro não são as únicas, mas sem dúvida são os
exemplos mais evidenciados, visto que suas galerias de personagens, são claramente inspiradas nas varias mitologias e culturas ao redor
do mundo, em muitos casos seus personagens saem do lugar comum da
dualidade entre bem e mal, trazendo uma complexidade psicológica e
de valores, além de comportamentos muita das vezes até questionáveis, se
comparados com o modelo ético moral da nossa sociedade cristã
ocidental, assim como a literatura, o teatro e o cinema, os
quadrinhos e depois deles as animações, claro que nas suas devidas
proporções, passaram a refletir o momento histórico no qual
estavam sendo produzidas, um bom programa para compreender isso é o
documentário: Super Heróis decifrados, que foi ao ar em 2017 pelo
canal fechado History, claro eu sei que estamos em 2018, mas o
documentário é facilmente encontrado aqui na internet! Só tenho
uma ressalva a fazer, o documentário é limitado a falar das grandes
editoras norte americanas, deixando de lado as produções
independentes de dentro e de fora da terra do Tio Sam, mas isso não
o torna menos relevante.
Outro comentário que sempre
ouço é o de que como um homem de quarenta anos pode “perder tempo”
consumindo tal material? Hora, eu costumo argumentar perguntando: O
que diferencia meu entretenimento do deles? Uma pessoa não é
ridicularizada se ela gasta dinheiro, ou consome material relacionado
com sua modalidade esportiva preferida, mesmo que não seja
praticando-a, mas sim assistindo pela televisão ou comparecendo a
eventos relacionados as equipes de sua preferencia, ou então, se uma
pessoa acompanha uma tele novela em sua emissora preferida, ou até
mesmo, uma programação cultural de gosto supostamente refinado ou
não. Todos esses exemplos citados são relevantes e importantes para
determinado publico, e essas pessoas tem todo direito de consumi-los,
independente do que os levam a isso.
Então
amigos, fica aqui meu singelo desabafo, e nos vemos no próximo
episódio, afinal ficou faltando o lado Nipônico da coisa, um abraço
e força sempre!
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